Muitos dos pratos que hoje consideramos brasileiros têm raízes lusitanas. A feijoada, por exemplo, é uma adaptação da “feijoada à portuguesa”, que levava vários tipos de carnes e era consumida com feijão branco. No Brasil, o prato foi transformado com o uso do feijão preto, mais comum entre os indígenas da região.
Outro exemplo claro é o cozido, prato tradicional português que foi adotado pelos brasileiros, especialmente no Nordeste. O cozido brasileiro leva legumes, carnes e é servido com arroz branco, demonstrando a fusão de ingredientes locais com a técnica portuguesa.
A caldeirada, prato à base de peixe, também veio de Portugal. No Brasil, ganhou diferentes variações regionais, com peixes e frutos do mar típicos de cada estado. Na Bahia, por exemplo, há influência africana no uso do dendê, mas a base técnica é portuguesa.
Quando se fala em culinária portuguesa, é impossível não mencionar o bacalhau. Embora esse peixe não seja nativo das águas portuguesas, foi utilizado pela capacidade de conservação, sendo uma escolha prática para as longas viagens marítimas. No Brasil, o bacalhau é um dos ingredientes mais valorizados, especialmente em datas comemorativas como a Semana Santa e o Natal. Pratos como bacalhau à Brás, bacalhau à Gomes de Sá e bacalhau com natas são preparados em muitas casas brasileiras, mantendo viva a herança portuguesa.
Os doces portugueses também marcam a culinária brasileira, especialmente os chamados doces conventuais. Estes doces foram criados em mosteiros e conventos durante a Idade Média. Eles utilizam basicamente açúcar, gema de ovo e, muitas vezes, amêndoas — ingredientes que passaram a ser muito usados no Brasil. O quindim, por exemplo, é uma adaptação brasileira de doces portugueses feitos com gemas, mas que incorporou o coco, fruto típico do Brasil. Já a ambrosia, feita com leite, ovos e açúcar, mantém sua forma clássica até hoje. Os fios de ovos, bastante usados em pratos doces e salgados, também têm origem portuguesa e ainda são muito consumidos em festas e celebrações brasileiras. Outro doce popular com forte inspiração portuguesa é o papo-de-anjo.
Durante a colonização, os portugueses introduziram diversos ingredientes que não existiam no Brasil, mas que hoje fazem parte da nossa alimentação cotidiana. O arroz, por exemplo, foi trazido por eles e logo incorporado nas refeições do dia a dia. O trigo, usado na fabricação de pães, bolos e massas, também é uma herança portuguesa. Outros ingredientes como o azeite de oliva, vinagre, alho, cebola, canela, cravo e noz-moscada foram trazidos de Portugal ou de suas rotas comerciais. Essas especiarias transformaram a forma como os alimentos eram temperados e conservados.
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