Iniciou seus estudos em sua cidade natal, mudando-se para Coimbra aos 16 anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras idéias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura. Desde de jovem destacou-se pelas suas opiniões revolucionárias e pela forma de estar na vida. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Em 1866 foi viver em Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo. Uma profissão que exerceu também em Paris, em janeiro e fevereiro de 1867. Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão.
Em 1869, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins, e em 1872, juntamente com José Fontana, passou a editar a revista O Pensamento Social. Antero defendia a poesia como Voz da Revolução, como forma de alertar as consciências para as desigualdades sociais e para os problemas da humanidade. Em 1873 herdou uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver dos rendimentos dessa fortuna. Em 1874 adoeceu de psicose maníaco-depressiva (doença bipolar), que desde então o afligiu. Foi convidado pelo Partido Republicano para candidatar-se como deputado, mas teve de recusar. Um ano mais tarde fez a reedição das Odes Modernas.
Em 1879 mudou-se para o Porto, e em 1886 publicou aquela que é considerada pelos críticos como sua melhor obra poética, Sonetos Completos, com características autobiográficas e simbolistas.
Em 1890, devido à reação nacional contra o ultimato inglês, de 11 de Janeiro, aceita presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga é efêmera. Quando regressou a Lisboa, em Maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Neste momento o seu estado de depressão era permanente. Passado um mês, em Junho de 1891, regressa a Ponta Delgada, acabando por suicidar-se dia 11 de Setembro de 1891, com um tiro na cabeça, disparado num banco de jardim.
Para Antero de Quental, os ideais da fraternidade e solidariedade não poderiam ser em vão. Foi um dos primeiros a trazer o socialismo, o republicanismo e o marxismo para a discussão pública.
Sua poesia apresenta três faces distintas:
• A das experiências juvenis, em que coexistem diversas tendências;
• A da poesia militante, empenhada em agir como “voz da revolução”;
• E a da poesia de tom metafísico, voltada para a expressão da angústia de quem busca um sentido para a existência.
Antero atinge um maior grau de elaboração em seus sonetos, considerados dos melhores da língua e comparados aos de Camões e aos de Bocage. Há, na verdade, alguns pontos de contato estilísticos e temáticos entre esses três poetas: os sonetos de Antero têm inegável sabor clássico, quer na adjetivação e na musicalidade equilibrada, quer na análise de questões universais que afligem o homem.
Obras
•Sonetos de Antero, 1861
•Beatrice e Fiat Lux, 1863
•Odes Modernas, 1865 (na origem da polêmica Questão Coimbrã). Reeditadas em 1875.
•Bom Senso e Bom Gosto, 1865 (opúsculos)
•A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, 1865 (na origem da polêmica Questão Coimbrã)
•Defesa da Carta Encíclica de Sua Santidade Pio IX, 1865
•Portugal perante a Revolução de Espanha 1868
•Primaveras Românticas, 1872
•Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa, 1872
•A Poesia na Atualidade, 1881
•Sonetos Completos, 1886
•A Filosofia da Natureza dos Naturistas, 1886
•Tendências Gerais da filosofia na Segunda Metade do Século XIX, 1890
•Raios de Extinta Luz, 1892
•Prosas