Luiz Filho é empresário, estrategista de marketing e fundador da LTGF Marketing Estratégico, consultoria especializada em branding, posicionamento de marca e comunicação estratégica com foco em soluções sob medida para empresas, instituições e projetos culturais.
Com mais de 25 anos de atuação prática no mercado, Luiz construiu sua carreira integrando visão analítica, criatividade aplicada e leitura precisa das transformações do marketing contemporâneo. Foi vice-presidente de marketing da Associação Portuguesa de Desportos, clube pelo qual também atuou como colunista esportivo no portal Globo/Globoesporte, com artigos voltados à gestão, futebol e identidade da tradicional Lusa do Canindé.
Atualmente, é diretor de Marketing e Relações Institucionais do Clube Português de São Paulo, onde lidera a reconstrução estratégica da entidade em sua nova fase institucional em 2025. Também é autor do livro O Marketing que o Algoritmo Não Entrega, que propõe uma visão crítica sobre o marketing digital automatizado e aponta caminhos mais humanos, sustentáveis e conscientes para a comunicação de marcas.
Colunista do Jornal Mundo Lusíada, escreve sobre temas que cruzam cultura, mercado, identidade e relações Brasil–Portugal, defendendo que o verdadeiro marketing é feito de escuta, propósito e relevância. Luiz acredita que tradição e inovação não são conceitos opostos, mas forças complementares quando há visão e sensibilidade na construção de valor.
Receber o convite do CCLB para assinar esta coluna como personalidade de destaque do mês me enche de honra e de responsabilidade. Não se trata apenas de refletir sobre vínculos entre povos ou exaltar raízes históricas. Trata-se de reconhecer que manter viva uma comunidade é um ato intencional e cotidiano, que exige estrutura, escuta e estratégia. E que só se sustenta quando instituições assumem seu papel na construção consciente do futuro.
Esse elo entre Brasil e Portugal, mais do que histórico, é vivo e presente no cotidiano da nossa comunidade. Ele se revela nas tradições mantidas em família, na culinária, na música, nos eventos, e principalmente no afeto que ainda une pessoas e gerações dos dois lados do Atlântico. Essa ligação cultural e simbólica não deve ser tratada como herança passiva, mas como uma energia ativa, que inspira pertencimento, mobiliza gerações e fortalece o sentimento de identidade compartilhada.
O Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo, fundado em 1981, representa mais do que um órgão institucional: é uma ponte viva entre diferentes gerações, entidades e territórios que formam a comunidade luso-brasileira no estado. Um conselho que articula clubes, casas regionais, organizações sociais e culturais em torno de um propósito comum: manter acesa a chama da portugalidade com dignidade, continuidade e renovação.
Esse papel torna-se ainda mais relevante diante dos desafios contemporâneos de participação, identidade e representatividade. O que está em jogo hoje não é apenas preservar a memória, é atualizá-la com sensibilidade, visão estratégica e envolvimento real das novas gerações. Para que a cultura portuguesa continue pulsando em solo brasileiro, precisamos abrir espaço aos jovens. Precisamos convidar os que estão abaixo dos 40 anos a não apenas herdar o legado, mas a fazer parte da sua transformação.
Relações comunitárias saudáveis são aquelas que se expandem, se adaptam e permanecem abertas ao novo. E, nesse aspecto, o CCLB pode, e deve ser, esse espaço de convergência, onde tradição encontra inovação e onde o passado é respeitado, mas o presente é vivido com protagonismo coletivo. Promover essa escuta ativa entre gerações é mais do que uma diretriz: é uma responsabilidade histórica.
O CCLB, por sua natureza, transcende o papel de representação formal. Ele funciona como ponto de encontro simbólico entre todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo Estado de São Paulo, cada uma com sua identidade, suas nuances, mas todas unidas pela vontade de manter viva a herança lusa com afeto e senso de pertencimento. O que se decide, articula e promove nesse espaço reverbera em clubes, eventos e ações de norte a sul do estado.
É essencial também reconhecer o trabalho da Casa de Portugal de São Paulo e do Clube Português de São Paulo, duas instituições históricas e complementares, que há décadas contribuem para a preservação, promoção e reinvenção da cultura portuguesa em nossa cidade. Ambas carregam o peso simbólico e o compromisso prático de representar a comunidade luso-brasileira com dignidade e presença ativa. E devem caminhar lado a lado com o CCLB e demais entidades, como parte de um ecossistema colaborativo, resiliente e estratégico, capaz de garantir que nossa herança cultural siga viva, plural e contemporânea.
A melhor forma de honrar o passado é garantir sua continuidade com propósito. E isso só é possível quando tradição e futuro se dão as mãos, com respeito, planejamento e espaço para novas ideias. O desafio agora é ampliar essas conexões. Trazer mais vozes para a mesa. Fortalecer a diplomacia cultural entre Brasil e Portugal de forma organizada e viva. E garantir que as relações entre nossos povos não sejam apenas comemoradas, mas sentidas, praticadas e projetadas todos os dias.