Sou Maria Elisabete de Faria Nicastro, brasileira, filha de portugueses — José Maria de Faria, natural de Remelhe (Barcelos), e Maria Celeste do Rosário Faria, de Souselas (Coimbra). Tenho imensa admiração e orgulho dos meus pais e de toda a trajetória que construíram.
Eles se conheceram no Brasil, para onde vieram sozinhos, ainda jovens, por volta de 1945. Fixaram residência em São Paulo: meu pai, na casa de amigos; minha mãe, com parentes que já viviam aqui. Meu pai trabalhou muito e conseguiu conquistar seu próprio negócio — um bar no centro da cidade. Já minha mãe atuava como caixa na tradicional Drogaria São Paulo, também no centro. Foi por meio de amigos em comum que se conheceram, iniciaram um namoro que durou quatro anos, e se casaram em 1954.
Juntos, tiveram dois filhos: meu irmão, Manoel Rosário de Faria, que seguiu a carreira de dentista, e eu, formada em Relações Públicas pela Universidade Metodista. Meu pai seguiu uma carreira de sucesso na área de gastronomia, tendo adquirido e administrado restaurantes ao longo de sua vida profissional no Brasil.
Atualmente, sou proprietária da Way Comunicações, empresa de assessoria de imprensa que mantenho há 39 anos com muita dedicação e paixão.
Minha ligação com Portugal é profunda. Tenho muitos primos nas regiões de Barcelos e Coimbra, e guardo um carinho especial pelo país, que sempre me recebe com afeto. Além disso, sou apaixonada pela culinária portuguesa — uma verdadeira maravilha!
Portugal e Brasil partilham de uma conexão histórico-cultural fortíssima. Acredito que uma grande parte dos brasileiros, senão a maior parte, possui alguma ascendência portuguesa, seja por causa da nossa colonização por Portugal ou por causa do grande número de imigrantes portugueses que veio para o Brasil no século passado — meus pais incluídos nesse grupo.
Esses laços com a “terrinha”, que todos os brasileiros possuem, nós observamos, obviamente, em nossa língua, mas, também, em nossos costumes, hábitos do dia a dia e festas populares. O que seria do Carnaval no Brasil sem a herança portuguesa? Ou do Natal do brasileiro sem os pratos típicos, muitos com origem portuguesa?
Culturalmente, nós temos uma herança portuguesa muito rica que adaptamos, à qual agregamos outras heranças culturais de outros povos que formaram e formam o Brasil, criando algo muito nosso.
Portugal imprimiu no Brasil sua marca e, nesse intercâmbio entre os dois povos, pode-se dizer que o Brasil também imprime sua marca em Portugal, seja por causa de nossa grande produção cultural, seja por nossa força econômica.
Essas relações facilitam e favorecem, portanto, as relações comerciais e os investimentos entre Brasil e Portugal. Criamos um ambiente de confiança fazendo de Portugal e Brasil grandes parceiros comerciais.
Há, portanto, um laço indissolúvel entre as duas nações, os dois povos, unidos por sangue, cultura e comércio.
O Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo (CCLB), tendo por missão a difusão dos valores históricos e culturais que unem Brasil e Portugal, possui um papel central na criação desse ambiente de intercâmbio cultural e econômico. Ao coordenar e promover atividades educacionais, sociais e culturais, o CCLB engrandece e difunde esse forte laço de nossa comunidade luso-brasileira.
Ser descendente de portugueses, mas, ao mesmo tempo brasileira, traz um privilégio muito grande de poder somar essas duas culturas, das quais tenho muito orgulho.