“Todo homem tem deveres com a comunidade”

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Opinião
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OPINIÃO

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Bacharel em história (Universidade de Ciências e Letras “Sedes Sapientiae” SP )
Pós-graduação em história da arte (Pontifícia Universidade Católica – RJ.)
Curso livre de História da América

Jornalista
Começou sua carreira como apresentadora e repórter em 1980, no programa TV Mulher – rede globo de televisão.
Seus quadros de gastronomia e viagens lhe valeram vários convites e a publicação de seu primeiro livro “As Melhores Receitas da TV Mulher”.
Ainda na década de 1980 realizou uma série de documentários exibidos a bordo dos vôos internacionais da Varig Airlines.
Na TV Manchete, “Programa de Domingo” a convite de ministérios de turismo de vários países, dirigiu documentários sobre Marrocos, Califórnia, com destaque para Itália de Falcão (Série de 32 episódios sobre as cidades sede da copa de 90 na Itália).

Década de 90
Integra o quadro de jornalistas do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) assinando matérias de comportamento e turismo para o jornal “Gazeta Mercantil de São Paulo.”
Assinou a direção de vídeos de bordo TAM – transportes aéreos meridionais (destinos nacionais e internacionais)

2006
Lançamento do livro Caminhos da Fé – Santiago de Compostela via Portugal. – editora Panda Books – 222 pags. / 2006 – S. Paulo

2008
Inicia projeto – Brasil de Todos os Santos – livro e dvd – um registro das principais festas religiosas do Brasil.

2014
Lançamento do livro Brasil – Terra de Todos os Santos – livro e dvd
Editora Panda Books- 245 pags.

Marilu Torres
Jornalista e escritora

I – Histórias de infância são inesquecíveis!
Na década de 1940, quando a cidade de São Paulo ainda era conhecida como “terra da garoa”, nas noites frias, durante a sopa do jantar, meu pai contava suas histórias…
Nascido em Justes, distrito de Vila Real, ao Norte de Portugal, o pequeno Oscar teve pouco tempo para construir referências da terra natal. Suas lembranças mais vivas daquele início do século vinte envolvem sua mãe Maria Adelaide, professora primária, saindo a cavalo para dar aulas aos alunos da aldeia. Certo dia, após forte nevasca, seu cavalo escorregou na neve e Adelaide teve uma queda fatal. Oscar tinha sete anos.
Lembrava vagamente da viagem que fez ao Brasil acompanhando o aventureiro “papá”. Contava que na parada que fizeram em Lisboa, sentia tanto frio que esquentava as mãos no fogo que assava as castanhas vendidas nas esquinas da cidade.
Depois, a casa do tio em Manaus, o desaparecimento do pai e a nova família que o criou. Oscar Fontes Torres foi um autodidata. Estudou sozinho, tornou-se jornalista no Rio de Janeiro, fundou um jornal – Gazeta da Urca, bairro onde morou, e anos mais tarde, casou-se em Araçatuba com a dona de uma voz extraordinária, que cantava durante as missas de domingo na Matriz da cidade – minha mãe.
Poeta na alma e na escrita deixou publicados dois livros de belos poemas.
Essa ligação Portugal – Brasil sempre marcou minha vida.
Quando me tornei repórter de TV (e foram vinte anos de carreira) conheci em Lisboa a história de Santo Antônio, sua trajetória até a Itália e seus milagres; cobri as comemorações do papa João Paulo II em Roma; segui os passos de Jesus Cristo na Galiléia, cruzando Israel, desde Nazaré até a Colina do Calvário em Jerusalém. Conheci os mistérios do terceiro segredo de Fátima,
Vivi um pouco do cotidiano das Pousadas de Portugal sempre admirando o respeito às tradições e o apurado gosto das revitalizações a que mosteiros e castelos foram submetidos.
Mas a “cereja do bolo” de minhas reportagens foi percorrer, com uma equipe de televisão, os 800 kms. do Caminho de Santiago de Compostela, através do norte da Espanha. Esse episódio me proporcionou pesquisar outras rotas alternativas de peregrinação ao túmulo do apóstolo Tiago, o que resultou em meu primeiro livro “Caminhos da Fé” – Santiago de Compostela via Portugal.
Foi quando conheci “de verdade” a terra de meu pai – seus tesouros, sua história lendária, sua religiosidade, a acolhida e simpatia do seu povo. Afinal, um pouco meu também…

II – Voltei outras vezes a Portugal.
Visitei o Porto pela primeira vez em meados da década de 1960. Recém- casados, Nilton Travesso e eu, começamos nossa viagem de núpcias por Portugal. Saímos do Brasil com uma incumbência de meu pai: uma carta de infinitas laudas, de escrita miúda e caprichada, que Oscar enviava à sua irmã Celeste que ele não via desde a infância.
Apressada para me livrar do incômodo encargo familiar, cometi a falta imperdoável de conhecer o Porto às carreiras.
“Titi” morava em Vila Nova de Gaia, do outro lado do Douro, e minhas impressões de viagem terminaram por se transformar em cenas da frágil senhora perguntando pelo irmão desconhecido, o cais da Ribeira com suas roupas dependuradas, a toalha de crochê da mesa de “titi”, o Palácio da Bolsa,a garrafa do precioso vinho que ela enviava ao pai. Ufa! Enfim sós!
No trem que nos levava à Espanha, tratamos de “esquecer” no bagageiro, sem remorsos, a tal garrafa de vinho do Porto.

III – Em 2012, Nilton e eu, ao completarmos 50 anos de casados, decidimos comemorar a data percorrendo o mesmo caminho de nossa lua de mel. Novamente Portugal.
Câmera na mão, Nilton registrava os melhores ângulos da Velha Lisboa. Do Bairro Alto, descendo sempre, acompanhamos a trajetória do bondinho descendo a colina, parando na Igreja de Santo Antonio. Neste dia, recebemos uma benção especial e após a missa, o padre comentou aos devotos sobre o casal de brasileiros que comemorava suas Bodas de Ouro sob a proteção do santo casamenteiro.
A igreja inteira se voltou para nos ver…E formou-se uma fila imensa de cumprimentos e votos de perene felicidade.
Coisas de Santo Antônio e do povo português…

Agradeço imensamente ao Conselho da Comunidade Luso – Brasileira do Estado de São Paulo, por permitir meus devaneios, e uma vez mais, renovo meu enorme respeito pela comunidade portuguesa, que há centenas de anos vem contribuindo para o desenvolvimento de nosso País.

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Somos privilegiados pela herança lusitana e também por podermos contar com o Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo que é o órgão que congrega nossa cultura viva em solo paulista. Pelo Conselho a história não se perde, porque uma das diretrizes da entidade é preservar e valorizar nossos usos e costumes que mantêm a tradição de nossa gente sempre presente nos festivais, no folclore, na música e na gastronomia. A ação do Conselho é defender um legado histórico e cultural inestimável.

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