C3 Os Construtores do Brasil A vindA dA Corte PortuguesA PArA o BrAsil Em 1806, o imperador Napoleão Bonaparte decretou o bloqueio continental à Inglaterra e ameaçou de invasão o país que com ela comercializasse. Tornar o Brasil a sede do império português é um velho projeto e assunto frequente na Corte de Lisboa. Em 27 de novembro de1807, o príncipe-regente D. João VI e sua corte emba cam em Lisboa, mas só em 29 de novembro de 1807 há vento favorável para zarpar. A esquadra composta de 8 naus, 4 fragatas, 3 brigues e 30 navios mercantes chega à costa da Bahia em 18 de janeiro de1808 e desembarca no Rio de Janeiro em 8 de março de 1808. São em torno de 12 mil pessoas: famílias nobres, padres, militares, juízes, ministros e todo um sistema de governo. Desembarque da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro - Rei D. João VI, Jean Baptiste Debret. Litogravura colorida à mão, sec. XIX. Acervo: Fundação Biblioteca Nacional, RJ A primeira medida do príncipe regente D. João ao chegar ao Brasil, em 28 de janeiro de 1808: assina a carta régia abrindo os portos da Colônia às nações amigas de Portugal, que deixa de ser colônia portuguesa para se tornar sede do império. Durante 300 anos proibida de comercializar com outros países, agora torna-se importante mercado para os produtos manufaturados da Inglaterra, que passa a importar matéria-prima brasileira, principalmente o algodão. O fim do pacto colonial permite que ingleses e outros países comercializem com o Brasil. Para emissão de papel-moeda e organizar um sistema monetário, cria-se o Banco do Brasil, em 12 de outubro de 1808. Em 1810, é assinado o Tratado do Comércio, Navegação e Amizade com a Inglaterra, beneficiando os ingleses com menos impostos que os produtos portugueses. Em 1815, o Brasil é elevado a Reino Unido a Portugal e Algarves. Volta a Portugal contra a sua vontade em 26 de abril de1821. Rei D. João VI, de Paul Tassaert, sec.XIX. Acervo: Fundação Biblioteca Nacional, RJ. Principais realizações de D. João VI Com a chegada da corte, a cidade do Rio de Janeiro se transformou em sede do Império Ultramarino português. A presença dos nobres portugueses não altera os costumes de escravos e trabalhadores assalariados, mas a mudança é grande para a elite, que passa a consumir produtos e adotar padrões de comportamento à moda europeia. A cidade do Rio de Janeiro cresce e se destaca como centro cultural e científico. D. João incentiva a música, sua grande paixão, mas também as letras, as artes plásticas e as ciências, criando bibliotecas, museus e escolas. São as suas mais importantes realizações: Escola Superior de Matemática, Ciências, Física e Engenharia, Academias Militar e da Marinha, Escola Médico-Cirúrgica, Jardim Botânico em 1808 e o Real Hospital Militar, Real Biblioteca, em 1810, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, em 1816. Cria o Banco do Brasil em 12 de outubro de 1808, os Correios. Funda a Casa da Moeda, o Observatório Astronômico, a Imprensa Régia, hoje Imprensa Nacional, o Museu Real, o Real Teatro de São João. Cria Escola de Cirurgia, em Salvador, Academia de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro em 1808. Funda a Real Junta do Comércio. As indústrias surgem no território brasileiro. A Real Fábrica de São João de Ipanema é fundada por ordem régia em 1810, na então vila de Sorocaba, na capitania de São Paulo. Palmeiras Imperiais, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A missão artística francesa: À convite de D. João VI, a missão francesa chegou ao Rio de Janeiro em 26 de março de 1816, composta de cerca de 40 pessoas, incluindo grandes artistas, pintores, escultores, arquitetos, gravadores, mestres ferreiros, serralheiros, carpinteiros, fabricantes de carros, peritos em construção naval e surradores de peles. Em 1816, é então fundada a Imperial Academia de Belas Artes. Quinta da Boa Vista, palácio em estilo neoclássico, utilizado como residência pela Família Imperial Brasileira, abriga hoje o Museu Nacional. RJ. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, RJ.