Os Construtores do Brasil ... e se MAis Mundo houverA lá cheGArA... (l A2 As GrAndes descobertAs MArítiMAs uís de cAMões, os lusíAdAs, cAnto vii) Nos séculos XIV e XV, as rotas comerciais do Mediterrâneo eram monopolizadas pelos venezianos e genoveses. As especiarias (pimenta, canela, noz-moscada, gengibre, cravo) e outros produtos, como o algodão indiano, a seda chinesa, louças, perfumes, pedrarias e açúcar, vindos do Oriente, eram consumidos na Europa. Quebrar tal monopólio e se inserir nesse mercado foi o principal motivo das grandes navegações portuguesas, consideradas, em seu conjunto, um dos maiores feitos da humanidade. O Infante D. Henrique ´O navegador´ (Porto, 4/3/1394; Sagres, 13/11/1460) tem o principal papel na condução das navegações que resultam nos descobrimentos marítimos portugueses do século XV. Surgem ou lá estudam em Portugal todos os grandes comandantes que levam ao conhecimento de novas terras, prestando grandes serviços à nação. Entre eles, destacam-se: Gil Eanes, Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Nicolau Coelho. Apesar de prestarem serviços à Espanha, Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães também aprenderam em Portugal os segredos de navegar. A Escola de Sagres Após seu regresso de Ceuta, o Infante D. Henrique estabelece-se em Sagres por volta de 1418. Rodeia-se de mestres nas artes e ciências ligadas à navegação e cria uma Tercena Naval, mais conhecida como a Escola de Sagres. Não era uma escola no moderno conceito da palavra, mas um centro de arte náutica. Dali ele organiza as expedições em direção à costa ocidental da África e desbravam-se os oceanos. Infante D. Henrique. (Porto, 4/3/1394; Sagres, 13/11/1460). Gomes Eanes de Zurara, Crônica dos feitos da Guiné. Bibliothèque Nationale: Paris. Evolução técnica e tecnológica e a exploração do Atlântico Sul Os grandes descobrimentos portugueses só foram possíveis graças ao empenho do Infante D. Henrique, na fundação da Escola de Sagres, onde reuniu cartógrafos, astrônomos e navegadores, e à evolução da técnica de navegação por latitude, ao desenvolvimento da cartografia, ao aprimoramento tecnológico do astrolábio e da bússola, à invenção da caravela e à disponibilidade de capital. Bússola De origem chinesa, a bússola foi introduzida na Europa pelos árabes e se tornou instrumento de orientação fundamental nas grandes navegações. Astrolábio Instrumento de navegação conhecido desde a Antiguidade, serve para medir a altura dos astros acima do horizonte. O astrolábio moderno de metal foi aprimorado por Abrão Zacuto, em Lisboa, a partir de versões árabes pouco precisas. Caravela, uma invenção portuguesa Típica caravela utilizada nas grandes navegações, tinha de 20 a 30 metros de comprimento, de 6 a 8 metros de largura, 50 toneladas de capacidade e era tripulada por cerca de 45 homens. Com vento a favor, chegava a percorrer 250 quilômetros por dia. Havia a vela latina e a vela redonda. A primeira era utilizada para navegar à bolina, entrar e sair de estuários, explorar trechos acidentados do litoral. A segunda era adequada para as longas travessias e áreas de ventos estáveis pela ré. O Périplo Africano. Saga: a grande história do Brasil, São Paulo: Abril Cultural, 1981. v. 1, p. 40. Réplica da Nau do Descobrimento do Brasil. Acervo do Museu da Marinha, Rio de Janeiro, RJ. O périplo africano O marco inicial foi a conquista de Ceuta em 1415, seguida pela descoberta das Ilhas da Madeira (1419) e dos Açores (1428). Gil Eanes dobrou o Cabo Bojador, em 1434. Chega em seguida ao Senegal (1450), às Ilhas de Cabo Verde (1456) e a Serra Leoa (1460). Em 1483, Diogo Cão chega ao Congo e Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança em 1488, comprovando a comunicação entre os oceanos Atlântico e Índico. A necessidade de encontrar novos caminhos marítimos para se atingir a Índia leva D. João II de Portugal a intensificar os preparativos para esse propósito. Mas seu falecimento em 1495 coloca no trono seu primo, D. Manuel (1495-1521), que prossegue com o plano.